Segundo Sanderson (1) e Flood (2), na Índia dos sécs. IX e X, os Kāpālika-s formaram uma tradição sectária concomitante a uma forma de Śaivismo não-puranico, que baseou a formação e proliferação de cultos Tântricos, tendo estado, por exemplo, na origem do Kaulismo e Aghorī-s.
O termo Kāpālika deriva de kapāla significando "caveira", pelo que, Kāpālika-s significa os "homens-caveira". Tradicionalmente, este ascetas antinomianistas envergavam o khatvanga, um tridente encabeçado por uma caveira e traziam uma segunda caveira servindo de malga, fosse para receber esmolas, fosse para beber e comer dessa.
Rondando ou habitando terreiros de cremação, outro aspecto distintivo dos Kāpālika-s, era o facto de cobrirem o corpo com as cinzas dos mortos, reverenciando Bhairava, uma forma furiosa de Śiva, muitas vezes em rituais envolvendo sangue, carne, álcool, canibalismo e fluidos sexuais. Juntando a isto, a sua associação a processos de magia negra, possessão e exorcismo, derivou a má fama que os precede, até hoje sob a forma de Aghorī-s.
(Foto/Créditos: Fonte)
Joel Machado
Notas
(1) Sanderson, Alexis (1988) “Śaivism and the Tantric Traditions.” In The World’s Religions, edited by S. Sutherland, L. Houlden, P. Clarke and F. Hardy. London. Routledge and Kegan Paul.
(1) Sanderson, Alexis (1988) “Śaivism and the Tantric Traditions.” In The World’s Religions, edited by S. Sutherland, L. Houlden, P. Clarke and F. Hardy. London. Routledge and Kegan Paul.
(2) Flood, Gavin (2003) The Śiva Traditions in The Blackwell Companion to Hinduism, pp. 200-228. Oxford. Blackwell Publishing.