Sentada numa prancha de longboard, sozinha, num dia em que o oceano estava calmo, poucas ondas, mas a água de um azul esmeralda, uma das magias das ilhas dos Açores, esperava eu pelo "set" e contemplava demoradamente o horizonte. Esta linha imaginária levou-me para o sentido do infinito, da liberdade, do ilimitado, da não-dualidade. Instantes de uma espiritualidade profunda. Dei comigo a refletir sobre a necessidade, ou melhor, a urgência de, no decurso das nossas vidas, conhecermos que somos a expressão dinâmica desse livre de limitação, dessa plenitude, que não é apenas a minha essência, mas também a realidade fundamental de todos e de tudo o que existe, conhecimento verdadeiramente incrível presente nos Vedas.
Reconheci que, atualmente, talvez a principal razão porque entro no oceano para surfar não se resume à qualidade das ondas, à satisfação de nelas "deslizar", ou mesmo ao bem-estar que "um banho" no mar nos trás; mas sim, e principalmente, porque naquele momento sou eu e o infinito, eu e o ilimitado, a relação mais primordial da nossa existência, momentos em que o tempo pára, o silêncio é, e relembro o essencial na vida, viver com clareza, desapego, amor e entrega.
Somos verdadeiramente abençoados por este conhecimento grandioso dos Vedas sobre quem somos, e o que tudo é, continuar a estar disponível para ser estudado, partilhado e assimilado por todos aqueles que iniciam esse caminho de auto-questionamento, iluminando as nossas vidas, trazendo-lhe maior significado e profundidade.
Joana Cadete
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